O Saga do Oeste: De Itápolis a Barueri e os Desafios no Futebol Paulista
A trajetória do Oeste no futebol paulista é uma daquelas histórias que misturam ascensão meteórica, desafios financeiros e mudanças de identidade. Para quem acompanha o esporte em Barueri, a saga do clube ressoa com as próprias dinâmicas da cidade: crescimento, transformação e a busca constante por um lugar ao sol.
Na mitologia grega, Ícaro, ao voar perto demais do sol, viu suas asas de cera derreterem, um conto sobre ambição e os perigos de perder o contato com a realidade. De certa forma, a história do Oeste ecoa essa narrativa. Após um período de destaque, o clube enfrentou dificuldades que o levaram a uma jornada turbulenta, marcada por mudanças de sede e desafios financeiros.
A Ascensão e a Queda em Itápolis
Entre 2013 e 2020, o Oeste figurou na Série B do Campeonato Brasileiro, um feito notável para um clube que, em 2012, conquistou o título da Série C. No entanto, o sucesso trouxe consigo uma série de problemas. A estrutura em Itápolis, a cidade natal do clube, tornou-se um obstáculo. O Estádio dos Amaros, palco das primeiras temporadas na Série B, foi palco de desentendimentos com a prefeitura local. Reformas que nunca resolviam os problemas, interdições do Corpo de Bombeiros e reclamações sobre os custos das obras minaram a relação entre o clube e a cidade.
O casamento ruiu em 2016, com o rebaixamento no Paulistão. A Série B daquele ano viu o Oeste jogar em Osasco, em uma parceria com o Grêmio Osasco Audax. Mas a mudança definitiva viria em 2017, com a transferência para Barueri, que buscava um novo protagonista no futebol após o afastamento do Grêmio Barueri.
Oeste em Barueri: Um Novo Capítulo
A chegada a Barueri marcou o início de uma nova era para o Oeste. Em 2017, o clube quase conseguiu o acesso na Série B e, em 2018, foi vice-campeão da Série A2 do Paulista. A Arena Barueri, um dos principais palcos esportivos da região, tornou-se a casa do time. Inicialmente, houve um esforço para atrair a torcida, com a distribuição de marmitas e outras ações. Em 2017, a média de público chegou a superar os 2 mil torcedores por jogo.
No entanto, o entusiasmo inicial não se sustentou. Em 2019, o público minguou, com apenas 304 torcedores presentes na derrota para o Criciúma. O namoro com Barueri também não durou. Em 2020, o clube foi rebaixado no Campeonato Paulista e não conseguiu mais retornar à elite. Nas competições nacionais, o desempenho também deixou a desejar, com o rebaixamento na Série C de 2021 e a eliminação na segunda fase da Série D de 2022.
A relação com a cidade se desgastou ainda mais com a concessão administrativa da Arena Barueri para a Crefipar Participações e Empreendimentos S.A, empresa de Leila Pereira, em 2023. A prefeitura, sob nova administração em 2024, deixou de custear as despesas dos jogos, exigindo que o clube arcasse com os custos da Arena. A administração do Oeste aceitou, mas os valores foram considerados altos, gerando prejuízos.
O contrato entre o Oeste e a Prefeitura de Barueri pela cessão dos equipamentos municipais venceu em agosto de 2025, sem renovação. Diante desse cenário, o clube deixou de jogar na cidade no fim de fevereiro e passou a buscar alternativas em municípios vizinhos, como Osasco, Santana de Parnaíba e Araçariguama. Uma mudança oficial de sede, caso se concretize, só deve ocorrer em 2026, com um custo de R$ 800 mil.
Na Copa Paulista de 2025, o time mandou seus jogos em Osasco, utilizando uma camisa com as cores da cidade. A situação causou desconforto ao Grêmio Osasco Audax, responsável pela manutenção do Estádio José Liberatti.
A Recuperação Judicial como Saída
Diante de um passivo de R$ 3 milhões em dívidas trabalhistas e cíveis, o Oeste recorreu à Recuperação Judicial. O processo, aprovado em maio de 2025, garantiu um período de suspensão de bloqueios nas contas do clube, permitindo a reorganização das finanças e a elaboração de um plano de quitação de dívidas.
Em outubro de 2025, o Oeste obteve uma decisão judicial favorável que suspendeu a aplicação de punições na Câmara Nacional de Resolução de Disputas da CBF. A decisão considerou que as dívidas foram contraídas antes do Plano de Recuperação Judicial, devendo ser pagas de acordo com o plano.
Para o advogado Odair de Moraes Júnior, responsável pela reestruturação do Oeste, a decisão reforçou a isonomia entre os credores e assegurou a execução do plano. A Recuperação Judicial surge como uma ferramenta crucial para que o Oeste possa se reestruturar e manter suas atividades, independentemente da divisão em que se encontra no futebol brasileiro.
O Futuro do Oeste: Lições e Perspectivas
A história do Oeste serve como um alerta sobre os desafios enfrentados pelos clubes de futebol no Brasil, especialmente aqueles que não estão na elite do esporte. A gestão financeira responsável, o planejamento estratégico e a busca por parcerias sólidas são fundamentais para garantir a sustentabilidade e o sucesso a longo prazo.
Para Barueri, a saga do Oeste representa uma oportunidade de aprendizado e reflexão sobre o papel do esporte na cidade. O apoio ao clube local, o investimento em infraestrutura esportiva e a promoção de atividades que incentivem a prática esportiva são importantes para fortalecer a identidade da cidade e melhorar a qualidade de vida de seus habitantes.
O futuro do Oeste ainda é incerto, mas a história do clube demonstra que a paixão pelo futebol e a capacidade de superação podem levar a novos horizontes. Resta saber se o clube conseguirá aprender com os erros do passado e construir um futuro mais sólido e promissor.
Para os moradores de Barueri que acompanham o futebol local, a trajetória do Oeste é um lembrete de que o esporte é muito mais do que vitórias e derrotas. É sobre paixão, identidade e a busca constante por um lugar ao sol.
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