O Saga do Oeste: De Itápolis a Barueri e os Desafios no Futebol Paulista
A trajetória do Oeste no futebol paulista é uma história de ascensão, mudanças e desafios. Para muitos que acompanham as divisões de acesso de São Paulo, pode ser difícil recordar que o Oeste já figurou na Série B do Campeonato Brasileiro entre 2013 e 2020, demonstrando uma resiliência notável, apesar de quase sempre lutar contra o rebaixamento. Um ponto alto nesse período foi o surpreendente sexto lugar alcançado em 2017.
A Ascensão e a Mudança de Rumo
O título da Série C de 2012 marcou um momento crucial para o Oeste, mas também iniciou uma série de desafios estruturais. A estrutura original em Itápolis começou a apresentar problemas, com desentendimentos com a prefeitura local sobre o Estádio dos Amaros.
As reformas realizadas pela prefeitura em 2014 e 2015 não foram suficientes para resolver os problemas, e o estádio foi interditado pelo Corpo de Bombeiros. A prefeitura também expressou preocupações com os custos das obras, resultando na redução da capacidade do estádio.
O ponto final dessa relação ocorreu durante o Paulistão de 2016, quando o Oeste foi rebaixado. Para a Série B daquele ano, o time mudou-se para Osasco, estabelecendo uma parceria com o Grêmio Osasco Audax. Em 2017, uma nova mudança de sede: desta vez, para Barueri, que buscava um substituto para o Grêmio Barueri após o rebaixamento na Série A3 do ano anterior.
A Era em Barueri: Altos e Baixos
Em Barueri, o Oeste iniciou um novo capítulo. O clube quase conseguiu o acesso na Série B de 2017 e foi vice-campeão na Série A2 do Paulista de 2018. Inicialmente, houve um esforço para atrair a torcida local, chegando a distribuir marmitas nos jogos na Arena Barueri. No entanto, o entusiasmo diminuiu rapidamente, e o público nos jogos caiu drasticamente. Em 2019, a média de público foi de apenas 304 torcedores na derrota em casa para o Criciúma.
A relação com Barueri também enfrentou desafios. No Campeonato Paulista, o Oeste foi rebaixado em 2020 e não conseguiu retornar à Série A1. Nas competições nacionais, o clube foi rebaixado da Série C de 2021 e eliminado na segunda fase da Série D de 2022.
Em 2023, a Crefipar Participações e Empreendimentos S.A, empresa de Leila Pereira, assumiu a concessão administrativa da Arena Barueri. Além disso, a eleição de Beto Pitteri como novo prefeito de Barueri em 2024, sucedendo Rubens Furlan, também trouxe mudanças na relação do clube com a cidade.
A Crefipar ofereceu a Arena Barueri para os jogos do Oeste, desde que o clube arcasse com os custos das partidas. Anteriormente, esses custos eram cobertos pela Prefeitura de Barueri, em troca da inclusão do nome da cidade na camisa do time. Embora a administração do Oeste tenha aceitado inicialmente, o valor foi considerado alto, resultando em prejuízos para o clube.
O contrato entre o Oeste e a Prefeitura de Barueri pela cessão dos equipamentos municipais venceu em agosto de 2025 e não foi renovado. Diante desse cenário, o clube deixou de jogar na cidade no final de fevereiro e começou a considerar outras opções, como Osasco, Santana de Parnaíba e Araçariguama. Uma mudança oficial de sede pode ocorrer em 2026, com um custo estimado de R$ 800 mil.
Na Copa Paulista de 2025, o Oeste mandou seus jogos em Osasco, utilizando uma camisa com as cores da cidade. Essa situação gerou desconforto com o Grêmio Osasco Audax, responsável pela manutenção do Estádio José Liberatti.
Recuperação Judicial e o Futuro do Oeste
As despesas do Oeste aumentaram significativamente, superando a captação de receitas. Com um passivo de cerca de R$ 3 milhões em dívidas trabalhistas e cíveis, o clube entrou em Recuperação Judicial.
O processo foi aprovado em maio de 2025, concedendo um período de 180 dias de suspensão de bloqueios nas contas do clube para reorganizar as finanças e aprovar um cronograma de quitação de dívidas.
Em outubro, o Oeste obteve uma decisão judicial favorável em primeira instância, suspendendo as punições na Câmara Nacional de Resolução de Disputas da CBF. A diretoria enfrentava quatro ações na CNRD, envolvendo cobranças de valores devidos a jogadores e questões relacionadas a transferências.
A decisão judicial considerou que as dívidas foram contraídas antes do Plano de Recuperação Judicial, devendo ser pagas de acordo com o plano, e não por regras associativas. Para o advogado Odair de Moraes Júnior, responsável pela reestruturação do Oeste, essa decisão reforça a isonomia entre os credores e garante a execução do plano acima de penalidades.
“O Judiciário Paulista age de forma correta, porque não existe regra excepcional na legislação recuperacional sobre exclusão de créditos no âmbito da CNRD. Ou seja, são credores concursais comuns, e não podem ter tratamento diferenciado. Essa decisão abre um importante precedente para que os clubes em reestruturação busquem a devida proteção jurídica contra possíveis punições da Confederação”, afirmou o advogado.
A decisão da Justiça reforça a equidade da legislação, permitindo que o Oeste Barueri, mesmo não estando na elite do futebol brasileiro, tenha acesso à Recuperação Judicial para se reestruturar e manter suas atividades.
Para saber mais sobre o futuro do Oeste e seu impacto no cenário esportivo de Barueri, acompanhe nossas atualizações e fique por dentro das novidades do clube!



